Como uma intervenção discreta, optei por proteger o objeto.
Havia um carimbo de “figa” e com um esmalte de unhas azul, quase no mesmo tom das bordas, o marquei.
A “figa” é um amuleto de proteção contra o azar, e simboliza o ato sexual. O polegar representa o masculino, o indicador e o dedo médio representam o feminino. Acredita-se que este amuleto combateria e/ou protegeria contra a infertilidade.
A fertilidade é a oportunidade natural do ser humano de espalhar seus genes pelo mundo.
Para que continue a aventura do homem na terra, é preciso que ele procrie com alguém do sexo oposto.
A continuidade é o que me interessa. O objeto sendo um múltiplo deixa implícito que não é estéril, até mesmo por passar de mão em mão, como as capelinhas que passam de casa em casa, guardando santos que irão abrandar a ânsia dos fiéis por ter seus pedidos alcançados.
[A ideia continua, fértil. Mais rodada que… Santinha de interior?????? (hein!?!?!)]
Parece até algo religioso, pode ser… Não sei.
Arte como religião é possível, de certa forma é uma crença que nós artistas temos. A chance da continuidade, de imprimir uma marca no mundo.
[Cada um tem seu santo: H.O., Duchamp, Beuys… São tantos!]
Repetir, refazer, crer, persistir… Da ordem da religião, da ordem da Arte.