Carlos Kaique, Rio de Janeiro, janeiro 1997

11 de January de 1997

31 de January de 1997

Rio de Janeiro

Minha Casa no Campo Ampliado / My House in the Amplified Field

O Fax / The Fax

Minha Casa no Campo Ampliado – 2007

Meu primeiro contato com o projeto NBP ocorreu em uma oficina do Parque Lage, no Rio, em janeiro de 1997. Estava iniciando minha formação artística. Quando indagado no início do workshop sobre minhas expectativas, disse que vinha em busca de conceitos que pudessem sustentar os meus trabalhos, ainda incipientes.

Os textos e as explanações ao longo do curso nos propiciaram um contato mais estreito com uma série de conceitos que norteiam a arte contemporânea e, paralelamente, nos foi proporcionada uma efetiva participação num projeto artístico concebido nesse âmbito. Juntou-se à teoria, a experimentação. Interagimos com o objeto, impregnamo-nos de novos conceitos e fomos contaminados, irremediavelmente.

Não resta dúvida que novas bases para a personalidade foram lançadas. O próprio nome do projeto denuncia seu intuito formativo – ou transformativo. Na época, afirmei ao término do workshop que já havia uma base e que a hibridização com conceitos pósteros a redefiniria, indefinidamente. E assim tem sido.

Passados dez anos, posso compartilhar o trabalho com que participei daquela experiência – Minha Casa no Campo Ampliado. Todos os conceitos discutidos estão presentes. Ao final, uma instalação de fax na casa do Ricardo, após interações com o objeto do NBP e com a “Minha Casa”, textos, fotografias, infografias, diagramas, desenhos, gravuras e interferências em transmissão de dados. O material está exibido o mais próximo possível da forma como foi arquivado.

My house in the amplified field – 2007

The first time I got in touch with the NBP project was in a workshop at Parque Lage, Rio de Janeiro, in January of 1997. That was when I started to build my artistic background. Asked about my expectations, I sad I was searching for concepts that could support my work, still incipient.

The texts and explanations throughout the course made possible for me not only to become more familiar with the concepts that guide the contemporary art, but also to participate in a project conceived through these guidelines. I interacted with the object, got to know new concepts and became contaminated with it.

There are no doubts left that the new basis for the personality had been launched. The own name of the project demonstrates its formative intent – or transformative. By the end of the workshop, I said that a basis had already been created and that the hybridization with posterior concepts would redefine it, indefinitely. And so it has been.

After ten years, I am able to share the piece of work with which I was part of that project – My House in the Amplified Field. All the concepts discussed back then are still present in it. At the end, one fax settlement at Ricardo’s house, after interactions with the NBP’s object and with “My House”, texts, photographs, diagrams, drawings, engravings and interferences in data transmission. The material is being presented as close as possible to the way it was archived.

Minha Casa no Campo Ampliado – 1997

O início foi de estupefação e uma certa dose indignação. Inegável a audácia de pretender-se seriamente que alguém se disponha a levar para a casa um trambolho esmaltado de 80 x 125 x 18cm, conviver com ele por um mês, e ainda registrar com fotos a sua hospedagem! Tudo isso para servir a uma investigação sobre as possibilidades da arte contemporânea. O misoneísmo não está entre meus defeitos, mas convenhamos: o transtorno seria maior do que o trambolho.

A primeira reação que imaginei foi declinar do insólito convite indagando como reagiria seu autor caso, de alguma forma, eu propusesse uma inversão do processo, colocando-o a serviço de meus interesses. Nesse ponto soou o alarme. Haveria de ser cauteloso para não ferir suscetibilidades. Não obstante a necessidade de expressar meus sentimentos, não me parecia crível que pudesse haver má fé numa proposta concebida sob o delírio.

Comedido, optei por parodiar o panfleto na folha destinada a registrar artisticamente nossas experiências. Esse foi o início da minha participação. À inversão – propor ao autor utilizar a minha casa dentro do seu objeto – seguiram-se contraposições próprias de uma paródia. Não destituídas de fundamentos, mas tampouco com o fito de crítica reativa, serviram, antes, para surpreender de volta.

Como algumas dessas contraposições restassem incompreendidas, explicitei-as num segundo diagrama, mas ainda de forma exclusivamente textual. Então as desdobrei uma a uma em novos diagramas utilizando-me agora de uma linguagem verbal / visual.

Concomitante a tais desdobramentos, o assentamento gradativo dos conceitos trabalhados no decurso do workshop levou-me a pensar num trabalho que, sem abandonar a idéia da inversão – sobretudo por seu conteúdo expressivo – os incorporasse. O revelador reexame de um trabalho anterior feito sobre papel térmico indicou o caminho: o uso do fax. Surgia a “Minha Casa no Campo Ampliado”. A colocação de questões sob a forma de diagramas e as fotos da experiência do autor do NBP com a minha casa no objeto, formariam o material necessário à execução do trabalho, numa intermídia.

Há aqui uma nova e paradoxal inversão: as fotos e os diagramas perdem seu caráter de registro e preexistem à experiência, que não pode existir sem eles. Por outro lado, o trabalho pode ser considerado uma forma de registro em si mesmo.

Ao final, a mais delirante das inversões: é a casa do Ricardo que sofre a intervenção de um trabalho concebido no contexto de seu próprio projeto através do interminável fax, que nela instala uma outra dimensão plástica. Além disso, o coloca na condição de espectador participativo, essencial ao “funcionamento” da obra, ativando-a esteticamente

My house in the amplified field – 1997

The beginning was made out of astonishment and indignation. It is undeniable the audacity in expecting that someone would gladly take home an object that measures 80 x 125 x 18 cm, live with it for a month and also take pictures of it to document it’s lodging! All that to contribute to an investigation about the possibilities of the contemporary art. I have never been against innovations, but we have to admit that the trouble would be even bigger than the object itself.

The first reaction I thought about was to decline the unusual invitation, wandering which would be the author’s response if, somehow, I asked him to invert the process, making it serve not his purposes, but mines. At that point, an alarm rang. I had to be careful not to displease him. In need of expressing my feelings, I didn’t think there would be bad faith in an invitation conceived under delirium.

Feeling shy, I chose to parody the pamphlet on the sheet assigned to us for documenting our experiences. This was the beginning of my participation. After the inversion – ask the author to use my house inside his object – followed some contrapositions inherent to a parody. Not without basis, but also with no intention of inflicting a reactive critic, these elements were able to surprise back.

As some of these contrapositions remained incomprehensible, I’ve made it explicit in a second diagram, which was still exclusively textual. Then, I turned each of the contrapositions into a diagram, but now making use of both, verbal and visual, languages.

In the meanwhile, as the concepts learnt during the workshop were gradually absorbed, I thought of a piece of work that, without leaving behind the inversion idea – mainly because of its expressive content – would incorporate it. The revealing reexamination of a project made with thermal paper indicated the way: the usage of a fax machine. That was when “My House in the Amplified Field” was created. Putting these subjects into diagrams and the pictures of the experience of the NBP’s author with my house in the object would be the essential material for the crafting of the work, based in an intermidia.

Now we have a new and paradoxical inversion: the pictures and the diagrams lose its characteristics of documents and preexist the experience, which can not exist without it. In the other hand, the piece of work can be considered a document itself.

In the end, the most delirious of all inversions: Ricardo’s house suffers an intervention of a piece of work conceived in the context of his own project through an unending fax, that installs at that place a new plastic dimension. Besides that, it puts him as a participative spectator, essential to the “functioning” of the work, making it aesthetically active.

Os oito diagramas / The eight diagrams

R. Basbaum, C. Kaique e a casa / R. Basbaum, C. Kaique and the house

Ricardo Basbaum e a casa #1 / Ricardo Basbaum and the house #1

Ricardo Basbaum e a casa #2 / Ricardo Basbaum and the house #2

Ricardo Basbaum e a casa #3 / Ricardo Basbaum and the house #3

Ricardo Basbaum e a casa #4 / Ricardo Basbaum and the house #4

Casa no objeto NBP #1 / The house in the NBP object #1

Casa no objeto NBP #2 / The house in the NBP object #2

Casa no objeto NBP #3 / The house in the NBP object #3

Diagramas da Casa e do NBP / Diagrams of the House and NBP

Diagrama: desenho de R. Basbaum / Diagram: R. Basbaum’s drawing

Fragmento de fax #01/ Fax fragment #01

Fragmento de fax #02/ Fax fragment #02

Fragmento de fax #03/ Fax fragment #03

Fragmento de fax #04/ Fax fragment #04

Fragmento de fax #05/ Fax fragment #05

Fragmento de fax #06/ Fax fragment #06

Fragmento de fax #07/ Fax fragment #07

Fragmento de fax #08/ Fax fragment #08

Fragmento de fax #09/ Fax fragment #09

Fragmento de fax #10 / Fax fragment #10

Fragmento de fax #11 / Fax fragment #11

Fragmento de fax #12 / Fax fragment #12

teste c

Impressão sobre vinil imantado / Printed on magnetized vinyl

27 de June de 2007

 

6 de June de 2007

Os oito diagramas / The eight diagrams

6 de June de 2007

R. Basbaum, C. Kaique e a casa / R. Basbaum, C. Kaique and the house

6 de June de 2007

Ricardo Basbaum e a casa #1 / Ricardo Basbaum and the house #1

6 de June de 2007

Ricardo Basbaum e a casa #2 / Ricardo Basbaum and the house #2

6 de June de 2007

Ricardo Basbaum e a casa #3 / Ricardo Basbaum and the house #3

6 de June de 2007

Ricardo Basbaum e a casa #4 / Ricardo Basbaum and the house #4

6 de June de 2007

Casa no objeto NBP #1 / The house in the NBP object #1

6 de June de 2007

Casa no objeto NBP #2 / The house in the NBP object #2

6 de June de 2007

Casa no objeto NBP #2 / The house in the NBP object #2

6 de June de 2007

Casa no objeto NBP #3 / The house in the NBP object #3

6 de June de 2007

Diagramas da Casa e do NBP / Diagrams of the House and NBP

6 de June de 2007

Diagrama: desenho de R Basbaum / Diagram: R Basbaum`s drawing

6 de June de 2007

Fragmento de fax #01/ Fax fragment #01

6 de June de 2007

Fragmento de fax #01/ Fax fragment #01

6 de June de 2007

Fragmento de fax #02/ Fax fragment #02

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Fragmento de fax #02/ Fax fragment #02

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Fragmento de fax #01/ Fax fragment #01

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Fragmento de fax #02/ Fax fragment #02

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Fragmento de fax #03/ Fax fragment #03

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Fragmento de fax #03/ Fax fragment #03

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Fragmento de fax #04/ Fax fragment #04

6 de June de 2007

Fragmento de fax #04/ Fax fragment #04

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Fragmento de fax #05/ Fax fragment #05

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Fragmento de fax #06/ Fax fragment #06

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Fragmento de fax #05/ Fax fragment #05

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Fragmento de fax #06/ Fax fragment #06

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Fragmento de fax #06/ Fax fragment #06

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Fragmento de fax #07/ Fax fragment #07

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Fragmento de fax #0/ Fax fragment #07

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Fragmento de fax #08/ Fax fragment #08

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Fragmento de fax #09/ Fax fragment #09

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Fragmento de fax #08/ Fax fragment #08

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Fragmento de fax #09/ Fax fragment #09

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Fragmento de fax #10 / Fax fragment #10

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Fragmento de fax #10 / Fax fragment #10

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Fragmento de fax #11 / Fax fragment #11

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Fragmento de fax #11 / Fax fragment #11

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Fragmento de fax #11 / Fax fragment #11

6 de June de 2007

 

6 de June de 2007

 

6 de June de 2007

Fragmento de fax #12 / Fax fragment #12

6 de June de 2007

Impressão sobre vinil imantado / Printed on magnetized vinyl