O nbp é um continente, uma forma dada onde diferentes conteúdos o ressignificarão a cada nova situação, a cada novo usuário. Tipo a forma é a questão do artista, os significados, quaisquer que sejam eles, são atribuições dos participantes do jogo proposto, isto é, da sociedade. Temos, então, arte novamente diluída no cotidiano, fazendo parte da vida de todos, e não só do artista e um pequeno grupo, como no modernismo.
Aqui no jamac, nbp nos divertiu bastante, sendo usado desde como piscininha até para provocar reflexões sobre a própria arte. Uma ou outra destas situações estarão registradas no site. Porém, o mais interessante fato provocado pelo nbp entre nós é o que passo a descrever:
O jamac está localizado na periferia de são paulo, é um ateliê aberto aos interessados do bairro. Por periferia, entenda-se favelão. Por estar aqui, por ser também uma tentativa de aproximação arte-vida, por estar querendo “viver junto”, o jamac participou da última bienal de são paulo, onde um ônibus saiu, duas vezes por semana, do prédio da bienal, para trazer os interessados em conhecê-lo. Além destas visitas, várias outras atividades foram também desenvolvidas, sendo uma delas um ciclo de palestras sobre arte contemporânea e periferia, atendendo ao pedido de um grupo de moradores do bairro, ativistas articulados sob o núcleo aparecida jerônimo, nome de uma das tantas heroínas anônimas desaparecidas em luta contra as desigualdades.
Pois bem, durante dois meses estivemos conversando sobre a dicotomia centro/periferia, elaborando o fato de sermos periferia, o que é arte num e noutro lugar e assuntos afins. Quando o nbp, que este ano participa da documenta de kassel, o evento central por excelência do mundo das artes em todo o planeta, nos chega, nos chega igualmente a realidade de, neste momento, a periferia se posicionar no centro do pensamento sobre arte contemporânea. Pode não parecer, mas é um dado que definitivamente reposiciona o eixo da auto imagem local.