Raquel Ferreira, Pelotas, agosto 2009

8 de August de 2009

24 de April de 2010

Pelotas

Borderescrita *

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NBP-*-LABIRINTO

Experimentações…força que emerge do corpo, das entranhas.

* anda na rua voltando de algo tão banal como comprar pão no mercado. A chuva que não pára o dia todo, chuva fina, mas constante. Definitivamente chata, está coberto de roupas pelo frio deste sul. Nenhuma possibilidade de
experimentar dessa água que bem poderia estar escorrendo pelo seu corpo. O cheiro da lenha queimando, as poças d’água correndo nas calçadas, descendo pela sarjeta são como fluidos que escorrem do seu corpo. Fazem lembrar a
delícia que é andar no calor com o corpo descoberto. Durante o trajeto pensa
o quanto gosta da chuva em dias de calor, principalmente, quando molha seu corpo e gela seus peitos. Acha lindo quando vê corpos molhados, talvez por serem de lugares tão distantes, não lhe pertencerem… Excitam-lhe.

Ahhhh!…Aquela força novamente, que força maldita essa! Transtorna seu olhar e carrega o pensamento de volta para as entranhas. * anda como se fizesse parte de outro mundo, outras cidades que não cabem dentro de nada
que pudesse por agora reconhecer.
Pensa que talvez pudesse ser apenas excitação, e que uma boa trepada resolveria. Apaziguá-lo-ia pelo menos por enquanto, mas não,insistentemente retorna e o joga em movimentos infinitos que fazem seus pensamentos deslizarem, escorrerem. E
já não mais domina nada, seu corpo, sua mente, tudo ao seu redor vai se transfigurando, coisas perdem o sentido e só aquela sensação maldita, corroendo sua carne, seus ossos. Tudo
transborda, vira superfície. E numa vontade louca, como que possuído por estranhas sensações pensa que só escrevendo talvez conseguisse parar, não pensar em mais nada. Mas em
convulsões, tudo explode ao seu redor, não quer mais retornar para o mesmo, não pode, mesmo que isso fosse possível.

Cada vez mais isso vai crescendo e as ruas se transformam em
grandes rios. * já não é mais um único lago, é um oceano inteiro que vai correndo como louco, livre pelas ruas, territórios que não pertencem a mais ninguém, transfigurando tudo ao seu redor.
Assiste a essa enxurrada de água e ri alto, ri muito, como um louco, possuído por desejos, estranhas paixões.

Avista ao longe a costa, e se deixa levar por esse balanço. É quase um pirata, vai possuindo todos, e todos se fundindo nele.
Aquelas luzes que transfiguram cidades vão ficando ao longe. Pensa nas cabras que outrora piratas malditos penduravam lamparinas em seus pescoços para confundir cidades, enganar
navios, provocar encalhe. Uma única coisa, só uma… Roubar… Saquear… Era o que queriam.

Gosta das cabras. Levam-no para outros territórios que não são mais desertos, possuem o
senso trágico da realidade simulada
das cidades. Anda por elas e não percebe os que
passam, são quase mortos, envolvidos por uma névoa granizada da chuva que corre e escorre
de seus corpos. Nenhum sentido, nada que altere suas linhas já traçadas. Não percebe uma reação, só uma disparada dura tentando protegerem-se dos
pingos.

Seu corpo tencionado. Nada nele reconhecível, é o
corpo de todos numa dança em matos, parques, envolvido por borboletas. Pertence a outro que não mais lhes habita, flui nos rios e todos levam à sua boca. Sente-se devorado. Fronteiras se expandem e se diluem nas secreções.

E no verdejante rio desse movimento vai provando dos líquidos que escorrem e anda entre os Verbos das cidades que o habitam. É um nômade em seus pensamentos e só há velocidade nesse “entre” que lhe atravessa. Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Paraná, o prado e seus galopes
de olhar fundo turvejante sobre esse Rio Grande,
Tietê…

Raquel Ferreira
(Satolep/dia)

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Aqui autor – artista – personagem é um corpo sem órgãos, sem nome, sem imagem, apenas um *

11 de October de 2009

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11 de October de 2009

Eu sou teu labirinto...

10 de October de 2009

NBP-*-LABIRINTO

10 de October de 2009

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NBP-*-LABIRINTO by Raquel Ferreia

11 de October de 2009

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11 de October de 2009

NBP- Lairinto