SIM OU ZERO, Enseada das Garcas, outubro 1994

1 de October de 1994

31 de October de 1994

Enseada das Garcas

NBP_SimouZero_Edmilson

NBP_SimouZero_Wagner

NBP_hole

Sim ou Zero com NBP: outras imagens5

Sim ou Zero com NBP: outras imagens4

Sim ou Zero com NBP: outras imagens3

Sim ou Zero com NBP: outras imagens2

Sim ou Zero com NBP: outras imagens

Sim ou Zero com NBP

Sim ou Zero com NBP

É impossível para eu pensar o Sim ou Zero sem pensar no NBP. Lembro quando conheci o projeto NBP durante uma oficina proposta por Ricardo Basbaum, em 1993, no Festival de Arte de Nova Almeida, ES. Nesta época o Sim ou Zero existia apenas como uma expressão que fazia sentido em nossa experiência e vivência poético-comunitária, como nos propomos.
Éramos um grupo de quatro artistas-amigos que se dispunham a conviver juntos para gerar emergências poéticas a partir deste convívio em um novo contexto no Estado do Espírito Santo. A expressão Sim ou Zero era usada como uma “senha” significativa para nos referirmos a diversas instâncias e situações do nosso dia-a-dia ligadas as nossas idéias sobre a arte.
Ao conhecer o NBP constatamos que o projeto possuía muitos aspectos poéticos e conceituais que eram próximos com o que estávamos começando a criar com o Sim ou Zero. Refletimos sobre isto e decidimos nos apropriar de algumas estratégias usadas pelo NBP e que poderiam ser adaptadas ao Sim ou Zero. O projeto NBP abriu muitas perspectivas para o nosso projeto. Alguns conceitos eram comuns como, contaminação, apropriação, adaptabilidade contextual, participação, co-autoria, etc.
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O Sim ou Zero era composto por um núcleo com Alexandre Antunes, Edmilson Vasconcelos, Renato Coelho e Wagner Vasconcelos, além de vários colaboradores. Os quatro artistas deste núcleo tinham acabado de mudar residência de Porto Alegre para o Espírito Santo, na Enseada das Garças, próximo a Nova Almeida, onde aconteciam os Festivais de Arte promovidos pela UFES.
Enfim, além da nossa proximidade com o artista na oficina, buscamos também participar do seu projeto, que consistia em conviver com um módulo-objeto NBP por um determinado período. Não lembro exatamente os motivos que nos impediram de ficar com o módulo-objeto. Entretanto, usamos de estratégias Sim ou Zero para burlar esta “falta” (do objeto) e mesmo assim desenvolver alguma coisa e participar. Era muito estimulante a possibilidade de participar e poder interferir no próprio objeto “detonador” de ações poéticas; de modificar a sua história, sua realidade ou deixar-se contaminar por ele e gerar emergências, bem como, conectar-se com outras pessoas artistas ou não-artistas num fluxo criativo. Está prática participativa também nos daria muito conhecimento a respeito desta dinâmica, a qual nos interessava para o Sim ou Zero.
Nosso desejo era o de participar, entretanto, nossas condições não eram muito favoráveis. Vale lembrar, que devido a nossa mudança de Estado, do Rio Grande do Sul para o Espírito Santo, estávamos vivendo uma novidade e talvez uma aventura. Adquirimos um grande terreno próximo ao mar num lugar onde a paisagem natural é dominante. Vivíamos acampados em barracas neste terreno virgem para construir nossa casa, com uma arquitetura que correspondesse ao nosso modo de viver e em consonância com as questões que envolviam o Sim ou Zero. Esta referência é para salientar o fato de que estávamos envolvidos numa aventura no meio da Mata Atlântica, noutra cultura, sem energia elétrica e sem água encanada, vivendo em barracas, cavando poço, fazendo fogueira para cozinhar, construindo uma casa com nossas próprias mãos, etc.
Pois bem, devido a estas dificuldades ou adversidades contextuais que nos envolviam, decidimos usar estratégias condizentes com as condições que a nossa situação oferecia para participar do NBP. Tínhamos uma câmera SVHS, isso definia que seria um vídeo o que iríamos fazer.
Desenhamos algumas possibilidades e definimos que não teríamos como fazer edições em mesa por falta de acesso a uma, além de custos, distâncias, etc. A edição teria de ser direta, ou seja, filma-corta-filma-corta e assim por diante. Quando filmamos a última parte o vídeo estava pronto. O Wagner filmava, pausava e desligava a câmera, e para a próxima cena, retrocedia o filme manualmente alguns centímetros e gravava por cima do final das últimas imagens.
Escrevemos um roteiro a partir da idéia da ausência do objeto; como se ele estivesse estado entre nós, deixado suas marcas e indícios e suas repercussões em nossas vidas e contexto onde esteve. Partimos então para uma narrativa de um personagem sem rosto, mas que aparece seu nome nos créditos, no final do vídeo: Nilton Brasileiro Pimentel – uma pista.
Nilton conta e mostra para o camera-man ou repórter um fato que acontecera nas redondezas onde mora. Ele começa mostrando o lugar onde tudo começou e se dirige para a beira da praia mostrando a marca que um objeto não identificado deixara na praia ao cair do céu. Esta marca, por sua vez, é um baixo relevo esculpido na areia da praia com as mesmas medidas do objeto_NBP original. Nilton conta que este objeto caiu na praia, deixou aquela marca e desapareceu, mas depois desse acontecimento, muitas coisas estranhas começaram a acontecer nas redondezas. Ele começa então a mostrar várias destas coisas estranhas, como plantas nascendo com folhas com a mesma forma daquele objeto; uma mancha na pele de uma criança; interferência nas imagens de televisão, onde esta marca aparece como imagem fantasma independente do que estiver passando na TV e mais uma série de outros fatos que vinham sempre marcados por esta forma.
Este vídeo aconteceu neste contexto natural, poético e com muitas faltas. Entretanto, para nós, foi uma grande possibilidade de prática poética e a constatação de uma realidade artística que acreditávamos e que procurávamos também realizar, mesmo por outras vias, outras articulações poéticas e algumas ingenuidades de percurso que o NBP nos tirou. O vídeo do NBP foi uma grande experiência criativa apesar dos raros recursos e adversidades contextuais.

Alguns fatos repercutidos da sua produção
– Devido ao fato de não existir energia elétrica neste novo condomínio onde nos instalamos, tivemos que estender um cabo de energia de 120 m. Entretanto, não tínhamos condições financeiras para comprar um cabo. Isto nos levou a pedir emprestado as “extensões” de todos os vizinhos e os poucos conhecidos da região. Conseguimos conectando-os uns nos outros a partir de um vizinho que tinha energia elétrica até chegarmos à praia para fazer as primeiras imagens. Esta produção envolveu muitas pessoas colaboradoras, as quais, ficaram todas conhecendo tanto o projeto NBP, quanto o Sim ou Zero.
– Um outro fato marcante e curioso deu-se com a produção de tampinhas de garrafa de cerveja, nas quais pintou-se a marca NBP na sua parte de traz. Pintamos muitas. Elas faziam parte de um dos acontecimentos que começaram depois do incidente da praia. Num bar das proximidades, todas as cervejas vinham com aquela marca. O dono do bar abre, no vídeo, algumas garrafas mostrando o fato. Pois bem, depois das filmagens estas tampinhas foram distribuídas para alguns colaboradores e amigos. Para nós esta ação de disseminação do NBP era uma continuidade do trabalho, levando-o para outros contextos. Com este mesmo sentido, foi produzido um carimbo onde se carimbavam todas as correspondências de ida ou volta do Sim ou Zero. Este também era um dos acontecimentos sem explicação que acontecia. Todas as correspondências chegavam com um carimbo com aquela forma. Mais tarde, depois do vídeo pronto e enviado ao Ricardo, mantivemos esta prática de carimbar nossa correspondência por algum tempo. Junto com a marca do NBP, carimbava-se também a marca do Sim ou Zero.

Este trabalho com o NBP nos proporcionou novos conhecimentos a respeito da arte, assim como potencializou as práticas e ações do Sim ou Zero. Até hoje o NBP é assunto nos nossos raros encontros, assim como eventuais intervenções e inserções da marca que hora ou outra fazemos.
Considero-me também um pouco autor do projeto, ou pelo menos pela sua preservação, apropriando-me e re-inserindo-o em novas situações. Sinto-me à vontade em usá-lo e abusá-lo. Acho que isto é um elemento ou agente emergente das poéticas conceituais que envolvem o NBP em sua abertura ao seu “lado de fora”.
O Sim ou Zero foi, neste mesmo ano de 1993, no final, título e conceito estrutural e logomarca de várias ações do grupo em exposição na Galeria de Arte da UFES. Foram feitos outdoors, placas de sinalização em rodovias do Estado do ES, impresso com 5.000 exemplares, intervenção na Galeria da UFES, lançamento do vídeo Sim ou Zero, intervenção na Rádio Universitária por um período de 30 dias e uma vinheta na Rede Gazeta de TV, também por 30 dias, além de outras ações específicas e contextuais.

Edmilson Vasconcelos

25 de April de 2007

 

25 de April de 2007

 

25 de April de 2007

Performance de Alexandre Antunes

25 de April de 2007

Estudos de Alexandre Antunes5

25 de April de 2007

Estudos de Alexandre Antunes4

25 de April de 2007

Estudos de Alexandre Antunes3

25 de April de 2007

Estudos de Alexandre Antunes2

25 de April de 2007

Estudos de Alexandre Antunes, 1

Still do vídeo Sim ou Zero com NBP. Planta com folhas com a forma do NBP

24 de October de 2006

Still do vídeo Sim ou Zero com NBP. Planta com folhas com a forma do NBP

Still do vídeo Sim ou Zero com NBP. Planta com folhas com a forma do NBP

25 de April de 2007

Still do vídeo Sim ou Zero com NBP. Planta com folhas com a forma do NBP

Still do vídeo Sim ou Zero com NBP. Planta com folhas com a forma do NBP

25 de April de 2007

Still do vídeo Sim ou Zero com NBP. Planta com folhas com a forma do NBP